GI Joe – 60 Anos! – Parte 4
Dando continuidade ao nosso especial, a quarta parte vem contar o que acontece depois do segundo cancelamento, em 1994.
Como vimos, o cancelamento veio depois de uma seguida queda de vendas, decorrente das mudanças político-econômicas da primeira metade da década de 90. Coincide também com a aquisição da Kenner pela Hasbro e, com isso, a vinda da franquia Star Wars para o catálogo da empresa, dentre outros. Isso dispersou a equipe de criação do GI Joe e, coincidiu com as tentativas de chamar a atenção das crianças com veículos cada vez mais futuristas e coloridos, fugindo da temática militar que sempre marcou a linha GI Joe.
A edição 155 da revista da Marvel marca o fim de uma era.
Mas não o fim de uma franquia.
Um período no limbo
O GI Joe ficou fora de linha até 1997, quando saíram alguns itens como “comemorativos”, e depois mais alguns em 1998 e 2000.
Esses itens incluíram os Team Packs, packs com três figuras em conjunto temático, como o Cobra Command Team ou o Artic Mission Team, Que chamaram de The Real American Hero Collection.
Alguns veículos, como o A-10, que é um repaint do Cobra Rattler, camuflado em tons de verde, um novo Slugger em tons cáqui e um novo Rage Tank.
Mas a cereja do bolo desse ano foi um pack com uma releitura dos primeiros GI Joe de 1982, o Star and Stripes.
Em 1998, mais alguns seguindo a mesma linha.
E em 2000 mudaram as embalagens e fizeram mais repaint em packs duplos, que chamaram de mais uma vez de The Real American Hero Collection Collector’s Special Edition.
A coleção de 12” teve figuras lançadas até 97, uma por ano depois de 94, na coleção Hall of Fame.
E mais nada foi lançado, parecendo ser, definitivamente, o fim.
O 11 de Setembro
Ninguém gosta de comentar isso ou de fazer essa associação. E, de fato, a Hasbro não comenta o assunto dessa forma por uma obvia questão de respeito.
Mas em 11 de setembro de 2001, acontece o ataque ao World Trade Center. Terroristas da Al Qaeda sequestraram aviões de carreira e arremessaram dois deles nas duas torres gêmeas do complexo e tentaram destruir o Pentágono com outro. Um quarto caiu depois que os passageiros se rebelaram contra os sequestradores e tentaram retomar a aeronave.
Naquele dia, os ataques deixaram um total de 2.977 mortos (incluindo 2.753 no WTC) e quase 6.300 feridos, segundo um relatório oficial. Esse mortos incluem os bombeiros e policiais que estavam nas torres tentando salvar pessoas quando cada uma delas colapsou.
Eu lembro claramente daquele dia, mesmo não sendo estadunidense, pois eu estava numa sorveteira tomando uma taça quando a programação foi interrompida ao vivo para mostrar o que acontecia. Até o momento, todos achavam que era um acidente quando, do nada, o segundo avião atingiu a torre propositadamente e, então, o mundo inteiro entendeu o que estava acontecendo e que tudo iria mudar.
Ainda no rescaldo e resgata o presidente dos Estado Unidos fez um discurso sobre união, força e justiça. E todo mundo que é inteligente entendeu que ali começava uma guerra, uma guerra ao terror. Uma guerra em busca da Al-Qaeda e de seu líder e mentor do ataque, Osama Bin Laden. Forças foram enviadas ao Iraque e ao Afeganistão, redutos da Al-Qaeda. E foram duas décadas de combates e, lutas políticas e, como todas as guerras, ninguém sabia quando ia acabar, apenas esperavam que acabasse até o Natal.
Mas uma coisa curiosa sobre o povo dos EUA: quando atacado, eles não vão se encolher e ficar pensando no que fizeram para que isso acontecesse, eles vão se unir, levantar, e vão encontrar quem fez isso. E vão levar até eles o que eles chamam de justiça. Ninguém pode dizer que eles não lutam muito quando são provocados. Temos muitos livros de história para contar isso.
Assim, por essa característica, uma nova onda patriótica encheu o país.
A volta do GI Joe
Por motivos evidentes, era muito oportuno trazer os heróis militares de volta. Assim, em 2002, uma nova coleção saiu, primeiro com figuras novas, mas com um sculpt diferente, sem o-ring. Essa coleção veio como a GI Joe versus Cobra, com packs de duas figuras antagonistas, Duke vs Cobra Commander, Snake Eyes vs Storm Shadow, Gung-Ho vs Destro, Heavy Duty vs Cobra C.L.A.W.S., Frostbite vs Neo Viper e Wet Suit vs Cobra Moray e uma leva de veículos. A coleção teve uma boa aceitação, mas muitas reclamações quanto a ausência dos o-rings. E surgiram alguns repaints, ainda com os two packs de antagonistas.
A partir daí, o GI Joe volta definitivamente. Criam mais um novo sculpt para essa linha e mudam o design das embalagens. E aproveitando a modernidade, a internet, o advento dos DVDs, em 2003, a Hasbro cria uma animação para apoiar as vendas de uma nova história do GI Joe, o Spy Troops, com figuras que tinham peças para sobrepor e se passar pelos antagonistas. E mantiveram o o-ring, mas era figuras mais estilizadas, formatos de corpos mais cartunescos, para acompanhar a animação e apresentando alguns novos personagens. E os de, agora chamado “formato vintage”, os clássicos, eram relançados com repaints em boxes de missão, como o Tiger Force e Python Patrol.
Essas séries também trouxeram alguns dos mesmos personagens em escala 1/6, com um sculpt novo, com a proposta de trazer as aventuras das figuras da escala menor para a maior. Algumas são bem interessantes.
Aqui também temos que falar do GI Joe Collector’s Club International. O GIJCCI foi uma entidade de colecionadores organizada que firmou um contrato de licenciamento com a Hasbro e passou a ter sets de figuras exclusivas encomendadas por eles para serem vendidas para os membros do fã clube. Isso começa com a Joe Con de 2002, em Norfolk, com o Crimson Strike Team. A partir desse ano, todas as convenções tiveram sets exclusivos. Vale deixar claro que era figuras encomendadas pelo GIJCCI para seus membros. Não foram itens fabricados para venda em lojas e, assim, sempre foram itens limitados e exclusivos, você tinha que ser membro do clube para comprar ou comprar de um membro. Fizeram algumas figuras de 12” também exclusivas para convenções, algumas mais modernas, como o Crimson Guard, e outras retrô, como o Dr Isotopo, da JoeCon de 2015 ou Terror on the Sea Floor, da JoeCon de 2007.
Todas essas figuras têm alto valor no mercado de colecionismo pelo
seu número limitado em comparação com a produção Hasbro para varejo e pelo inusitado de visitar a franquia por outros pontos de vista e a possibilidade de fazer uma coisa que muitos colecionadores sonham: formar tropas e mais tropas de soldados Cobra dos mais diversos.
Em 2004, esse no sculpt é modificado mais uma vez para a coleção Valor vs Venon, uma nova história, de uma nova animação, com novos personagens, novas roupagens, novos veículos. Essa coleção segue para 2005.
Ainda em 2004 começam os Comic Three Packs, os packs triplos de quadrinhos, que vinham com um fac símile de uma revista clássica da era Marvel e três figura, inéditas ou em nova roupagem para serem mais fiéis aos quadrinhos, e no formato vintage. Assim pudemos ter, pela primeira vez, a Oktober Guard, a resposta soviética/russa ao GI Joe. Esses packs sempre foram muito legais e interessantes, tanto na proposta quando nas figuras escolhidas, começando com um relançamento modernizando o design vintage dos 13 primeiros Joes.
2006 foi o ano que teve menos figuras nessa época, ainda repetindo a estratégia dos anos anteriores.
The 25th Anniversary
Mas a coisa estoura com a Coleção 25th Anniversary, em 2007, comemorando os 25 anos do GI Joe A Real American Hero, lançado em 1982. Apresentando um novo sculpt, agora chamado de modern, essa coleção revistou os principais personagens relançando-os nesse novo formato, com embalagens de blister homenageando a originais da época, e, também apresentando nova figuras. As primeiras figuras têm alguns problemas de mobilidade, mas esse sculpt foi sendo acertado até ter um formato com liberdade maior de movimentos. Foi livremente adaptado e sendo melhorado, do formato do Microman japonês.
Vale ressaltar que todas essas figuras, desde 97, já traziam as mãos feitas com elastômero termoplástico e não plástico rígido, o que significa flexibilidade: os dedos não quebram mais quando você encaixa as armas e acessórios.
A coleção dos 25 anos trouxe vários veículos vintage de volta e permanece até 2009, quando surge a coleção do filme GI Joe – Rise of Cobra. A coleção baseada no liveaction e no videogame que foi lançado em paralelo traz uma releitura de vários personagens e mais uma vez reconta as origens do grupo e seus integrantes, além de uma nova origem da organização Cobra.
Também em 2009 sai uma das melhores coleções até hoje, pelo seu conceito: a Pursuit of Cobra, POC, que depois serviria e base para as coleções de 30th Anniversary em 2012 e 50th anniversary, em 2014.
Mais um filme veio em 2012, com a coleção GI Joe Retaliation.
O filme trou mais uma leva de figuras, muitas delas não foram apresentadas no filme, mas aproveitaram o hipe para vendas, como tropas cobra e tivemos até uma versão do esquim[o Kwin.
Num espaço de tempo de 16 anos da volta do GI Joe tivemos, praticamente, uma nova coleção por ano, como mudanças na estrutura dos bonecos e em suas histórias e mitologias. Paralelo a isso, os quadrinhos voltaram. Primeiro pela Image Comics, depois pela Devils Due. Este ano eles fora para a Skybond, a editora do Robert Kirkman, criador de The Walking Dead e Invencível.
Algumas séries animadas vieram, como a Sigma Six, em formato de animê, em 2005, com duas coleções em escalas diferentes, uma série muito bem articulada de 8 polegadas e outra menor de 2,5 polegadas.
Veio uma série pelo Hulu, GI Joe – Renegades, onde os Joes meio que se tornam o Esquadrão Classe A, contra a Corporação Cobra. A premissa é boa e o desenho vai apresentando uma nova história para personagens clássicos, que foram saindo pela coleção dos 30th.
Mas a melhor delas foi a série de curtas que forma o longa metragem GI Joe- Resolute, uma animação com roteiro adulto, onde vemos mortes de personagens e um Cobra Commander que realmente é uma ameaça.
Saíram alguns games para celular, mas não renderam figuras.
Em 2018 temos uma pausa. Já em 2017, as figuras produzidas são apenas do GIJCCI. As últimas figuras Hasbro para o mercado foram com o selo 50th em 2016. Em 2018, a parceria da Hasbro com o GI Joe Collector’s Club International se encerra, uma vez que a Hasbro retomou para si todas as suas propriedades intelectuais. Se previa um universo de cinema compartilhado com GI Joe, Transformers, MASK, Action Man, Visionaries e Micronauts. Até um pack desse amalgama tentado nos quadrinhos saiu. Mas esse universo compartilhado não saiu do papel. E a coleção parou novamente.
E o Universo Amalgama nunca saiu dos quadrinhos e foi para o cinema, conforme era o plano inicial.
E assim tivemos 14 anos, 16, se contar o GIJCC, com mudanças nas figuras a cada ano, com uma tentativa atrás da outra de emplacar uma mídia que trouxesse novos fãs, até que se resolveu parar novamente.
E veio a pandemia do COVID-19. E não sabíamos mais se ia ter GI Joe.
ZAP