E temos um... Falcon Radioativo!!!
Faz tempo que não escrevemos sobre Falcon. Não por falta de Falcon, a linha tem se mostrado resistente aos tempos difíceis da Estrela e tem seguido, mas mais por falta de tempo deste escrevedor, mesmo.
O último lançamento, no final de 2023, nos brindou com o saudosismo da aventura Captura da Águia, mas dessa vez uma aventura com boneco, não apenas a aventura na caixa. Vendeu bem, apesar da reclamação que o visor do lançador veio com um painel opaco e não o transparente com os relevos da mira.
Então, sem muitas novidades, há pouco tempo saiu o registro de marca da Estrela sobre um novo Falcon, de nome Ataque Radioativo.
Abriu um sorriso nos rostos de colecionadores com a possibilidade de vir um futurista ou mesmo um com os acessórios da aventura de cartela de 1980, Míssil Atômico. Eu fui ainda mais otimista, quem sabe vem uma das figuras prometidas e não lançadas em 1983, como o vilão de pele verde.
Mas não. A Estrela não fez nenhuma dessas coisas. Quebrou todas as expectativas. Lançou algo totalmente novo.
E errou muito dessa vez.
As fotos desta matéria são as oficiais. Comprei de momento e ainda não chegou, então ainda não peguei a figura em mãos, quando chegar fazemos um vídeo do desencaixotamento. Mas foi a primeira vez que eu realmente quase não comprei.
Vamos começar com a parte boa, para sermos justos.
A maior novidade é vir um Falcon loiro com um moicano. É uma novidade. Não que tenha ficado feio, só ficou estranho para o Falcon, mas é sempre um alento ver que a empresa está tentando e inovando e, teve a vontade de pesquisar e ir além do básico.
As roupas parecem bem feitas e o fato de terem desenvolvido uma luva foi interessante.
A máscara de gás talvez seja a melhor coisa dessa aventura, uma novidade legal, e mostre que a empresa decidiu investir em moldes novos. Não creio que sejam moldes caros, podem ser moldes de silicone, uma novidade, que suportam altas temperaturas e alguma pressão de injeção, apenas tem número limitado de ciclos de máquina, diferente dos moldes metálicos que tem vida útil indeterminada. Mas é especulação, estou por fora dos processos produtivos da Estrela nos últimos tempos.
Vem com a nova bota, já conhecida nossa e a mesma arma que acompanho o Lobo do Deserto e cinco granadas. Adoro granadas.
O problema dessa aventura é não ter nenhum contexto radioativo, apesar de vir com a haste/braço para manuseio.
Veja: vem a haste/braço de manuseio da aventura Míssil Atômico, mas não vem o míssil. Segundo, uma missão nuclear/atômica, o cara não iria vestindo uma jaqueta jeans.
O Míssil Atômico, na verdade um satélite radioativo
Sim, sabemos que tem uma temática pós apocalíptica, o fato de vir com uma máscara de gás nos remete ao jogo Last of Us. Estar armado com um, vamos chamar de fuzil, remete a um apocalipse zumbi, por que não? Mas a aventura parece estar sem um contexto claro, um rumo. Parece uma aventura perdida.
Assim, a máscara poderia vir pos si só, e não acoplada a um recipiente. Dessa forma, parece as máscaras de gás da Primeira Gerra Mundial, com jeitão de tromba de elefante.
A calça camuflada em tons avermelhados não combina com nada. De fato, é uma estampa feia.
As granadas e o suporte de oxigênio, ou seja o que for, ficariam ótimas sobre uma roupa de contenção nuclear, daquelas brancas ou amarelas. Ou nem precisava da temática nuclear, poderia ser biológica. Nesse caso, as luvas sem dedo também não se justificam, pois um equipamento de proteção seria inteiriço para evitar qualquer contato de pele com o agente contaminante, seja químico, biológico ou radiológico (QBR).
Se fosse uma aventura de apocalipse zumbi eu entenderia a aventura. A luva sem dedos do sobrevivente. A jaqueta jeans. A calça feia. O equipamento catado/salvado por não saber o que vai precisar no futuro.
Então, a aventura se perde em si mesma.
A arte da caixa não é do Marcelo Peron. E, infelizmente, a arte da caixa não nos transmite o Falcon. Ficou estranha com aquele braço curvado como uma curva em vez de uma articulação de cotovelo. Talvez fosse para simular uma roupa espessa para demonstrar proteção, mas ficou alienígena. O braço não dobra, se curva como um tentáculo. Talvez o Falcon dessa aventura já esteja sofrendo mutações. A expressão da arte também não parece transmitir o Falcon.
Não que eu ache que eu vá ser ouvido. As vezes parece que surge um medo de processo por ideias que damos de graça, só pela vontade de melhorar a coisa. Mas com aquele verso todo da caixa, se tinha uma história para contar dessa aventura, bastava criar uma tira de três quadrinhos. Um quadrinho mostrando um acidente, uma crise nuclear, a queda de um meteoro radioativo, qualquer bobagem que surgisse na cabeça do artista ou do briefing de projeto para criar essa aventura, um mostrando Falcon sendo chamado, escolhido, convocado para a missão de busca e tudo mais e o terceiro chegando ao local. O resto da aventura que invente o comprador do boneco. Mas, nesse momento, essa aventura parece, para a maior parte de nós, sem razão de ser, sem combinar com radiação nenhuma.
Tirinha feita no Paint em 5 minutos no almoço.
Com o nome Ataque Radioativo a Estrela perdeu a oportunidade de trazer um novo vilão, daqueles cancelados em 1983. Um Falcon verde ou azul, um alienígena. Perdeu a oportunidade de lançar um dos futuristas desse mesmo cancelamento. E com esse visual utilizado, perdeu a oportunidade de lançar um Falcon de apocalipse zumbi, tão na moda, e depois lançar um Falcon zumbi, de pele acinzentada, olhos brancos de zumbi, roupas esfarrapadas e sujas. Se querem lançar Falcon diferente, com temáticas diferentes, eu fico feliz. Eu gostei do bombeiro. Mas a aventura tem que fazer sentido para nós.
Sabemos que estão fazendo estudos para lançar em breve uma aventura clássica, provavelmente no fim do ano. Gostamos das aventuras clássicas também. Qual, não sinto que possa contar, não fui autorizado e nem desautorizado, mas acho que não cabe dizer. Mas para aventura novas futuras, caberia, sim, perguntarem o que quem compra Falcon acha antes de criar algo sem um contexto, uma história de background, uma explicação da inspiração desse design.
Se a Estrela queria que esse Falcon Ataque Radioativo fosse um sucesso, deveria ter apresentado algo que fizesse sentido. Essa aventura não faz sentido. Talvez, em mãos, eu tenha uma opinião menos pessimista. Mas, no momento, fico só com essa sensação de oportunidade perdida, a sensação de que poderiam ter contextualizado melhor.
Dennis Mathias de Souza Pires
Essa figura dá um ótimo Dreadnok. Claudia percebeu o potencial imediatamente. O erro aqui é o nome da aventura. Sobrevivente atômico/nuclear seria o nome mais adequado para a aventura. A figura tem potencial para vilão ou anti herói. Imagino facilmente o personagem sendo um agente Falcon fora da lei como o Snake Plisken da série Fuga de Nova York e Fuga de Los Angeles ou um mercenário atuando em zona devastada por alguma praga ou cataclisma.
ZAP
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